Salvador e a sua história através da religião

 

 Salvador e a sua história através da religião

A religião é um tema essencial para se compreender a história antropológica de Salvador. Como a cidade foi receptora de uma diáspora de vários povos diferentes, é natural que ela tenha várias crenças que sofrem influência umas das outras. Acima desse parágrafo tem uma fotografia que foi tirada na Igreja de São Francisco no coração da cidade, no bairro antigo Pelourinho. Eu escolhi essa imagem por causa do que ela representa. Nela, vê-se uma estátua dedicada a Santa Ifigênia da Etiópia - e ao outro lado da nave também fica uma estátua dedicada a São Benedito. Ao redor da estátua de Santa Ifigênia se pode observar decorações esplêndidas feitas de mogno e cobertas com ouro, similarmente, nelas se pode notar que tem gravado desenhos elaborados e detalhados com tanta precisão e dedicação como nas igrejas mais apreciadas no mundo. Porém, não sabemos o nome do autor (ou dos autores) dessa obra tão extraordinária; e qual é a razão para isso?

Essa foto que tirei não foi tirada perto do presbitério da igreja. Essa estátua está situada o mais longe possível do altar da igreja. Assim, Santa Ifigênia e São Benedito são os mais distantes em relação aos outros santos brancos presentes na nave da igreja. Do mesmo modo, na época quando a Igreja de São Francisco era nova, os negros da cidade não podiam entrar no salão com os participantes brancos durante a missa. Eles tinham que escutar a cerimônia atrás de portas fechadas onde não eram vistos pelas pessoas brancas - então, ficavam o mais longe possível. Para responder a minha última pergunta do parágrafo anterior, essa igreja, como muitas em Salvador, foi construída e planejada por gente negra escravizada. Então, embora as pessoas tivessem construído o lugar, elas não podiam entrar e aproveitar do espaço feito por elas.

Eu acredito que a história e o significado da Igreja de São Francisco fala muito sobre esse aspecto religioso da cidade de São Salvador, pois resume o que vivenciaram os povos africanos religiosamente no Brasil. Essas pessoas foram forçadas a obedecer e fazer tudo para uma religião desconhecida, para mais tarde não poderem praticá-la com as outras pessoas. Assim, a possibilidade de praticar a sua própria religião à vontade para os africanos em Salvador (e geralmente no Brasil) por um longo tempo sempre foi negada. A prática de qualquer religião - como o Candomblé, Cristianismo e Islam - pelos africanos em Salvador nunca seria completamente aceita pela hierarquia branca na cidade simplesmente porque as pessoas que praticavam essas religiões eram negras. Com somente um passeio pela cidade, as marcas religiosas de Salvador e as suas histórias revelam-se. 

Comentários

  1. Oi Marcel, gostei muito da estrutura do seu post! Isso o torna mais interessante de ler. Então, é interessante que você relacione a religião com a escravidão e a brutalidade enfrentada pelos africanos escravizados, porque eles estavam muito ligados na história. Semelhante ao que você escreveu, a religião era tanto uma forma de libertação quanto de opressão.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Apresentação ao Blog

Benen Chancey

Postagem 1—Bridget Goodman